quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Falta

     Ultimamente essas páginas têm ficado paradas. O que antes costumava ser humorado, simplista, diversão, parece se tornar um ninho de discussão filosófica sobre os mais diversos aspectos do mundo. Talvez seja pelo tempo que passa e apodrece tudo. Talvez não. Falta discernimento. 
    Tem faltado espírito natalino nas épocas antecedentes ao 25 de dezembro. O natal começa em outubro. Luzinhas não são mais novidades pra ninguém. Normalmente, às crianças não esperam mais brinquedos, diversos presentes - e muito menos Papai Noel - pois da mesma forma que preludiam o sexo antes de saber ler e escrever, zombam das tentativas falhas de seus pais de incutir um pouco de fantasia e valores simbólicos em suas vidas. Tristes crianças vítimas de um mundo falho. E mesmo que se possa dizer que depois de um parco remanescente que cultua a hipocrisia natalina, logo após temos a carnalidade do carnaval. E aí sim se acaba de vez o nosso velho "Natal".
    O comércio toma nossas vidas. O ciclo trabalhar/comprar/usar/jogar destrói qualquer humanização que possa esta presente em nossas vidas. Dó dessas pessoas também. Vítimas de um sistema falho.


    Finados. Culto aos que se foram por terem feito algo de importante, até porquê ninguém acende vela pra mendigo. E se o argumento de "eu acendo vela pros meus pais que eram muito humildes e pobrezinhos" for usado, lembre-se de que alguém teve que copular pra que a existência do vivente fosse possível. E se for adotado, o favor foi maior ainda. Mortos sempre fazem proezas incríveis. Inertes dentro de um caixão ou até mesmo desaparecidos - vide Jesus Cristo (ao menos carnalmente ele está, não criemos pânico) - são capazes de (quase) dominar o mundo com seus ensinamentos (exemplo anterior), governar países (Mao Tsé Tung), e unânimes, "param" a civilização de muitos países para que se voltem as lembranças para eles, sendo com uma ida ao cemitério munido de velas ou munido de nada ou apenas sentindo os efeitos da parada num feriado ocioso com um significado abstrato (eu). Devemos nosso mundo de hoje, aos mortos. Devemos a evolução, a inserção da espiritualidade, dos significados no nosso dia a dia fazendo-nos descobrir a paz na breve existência terrestre, a nossos mortos. Devemos o direcionamento de nosso mundo, às guerras, às destruições, os sofrimentos, aos nossos mortos. Devemos a retirada da espiritualidade, da paz interior devido ao direcionamento atual do nosso mundo, aos nossos mortos também. Eles colocaram. Eles tiraram. Eles comandaram. Eles inventaram. Devemos todo nosso mundo, a um monte de carne podre.


(essa foto não deve satisfações nem explicações a você)